sábado, 13 de julho de 2013

VIGIADOS PELOS EUA

Somos todos vigiados pelo governo americano

O sistema de espionagem digital do governo americano é muito mais amplo do que se imaginava. Nem o cidadão brasileiro está imune.                                         

Os computadores foram criados para espionar. Um dos primeiros foi criado em 1943, no Reino Unido, para que os Aliados pudessem decifrar mais rapidamente as mensagens nazistas. A internet foi criada para guerrear. Militares americanos desenvolveram nos anos 1960 o conceito da rede de comunicações sem centro, que os soviéticos não conseguiriam desativar, mesmo com um ataque devastador. Hoje, essas duas tecnologias mantêm-se entre as principais armas dos serviços de inteligência do governo dos Estados Unidos. Nos últimos anos, sem nazistas nem soviéticos para enfrentar, as autoridades empurraram o papel de inimigo para outro alvo: o cidadão comum, nos Estados Unidos e em outros países – inclusive no Brasil. “Estamos totalmente desprotegidos”, diz o engenheiro Marcelo Zuffo, coordenador do Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas da Universidade de São Paulo. “A única saída, neste momento, seria parar de usar a internet.”Somos todos vigiados - espionagem EUA - Estados Unidos - Barack Obama (Foto: Fontes: Anatel e TeleGeography)   Os detalhes são revelados desde o início de junho, quando o técnico e exconsultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden divulgou milhares de documentos sigilosos dos Estados Unidos. Alguns desses documentos, divulgados pelo jornal O Globo, revelam um sistema de espionagem específico para a América Latina, destinado não apenas a questões de segurança, mas também à obtenção de segredos comerciais. A simples notícia de que governos espionam digitalmente os cidadãos não impressiona aqueles com alguma noção de como funcionam a tecnologia, o poder e a geopolítica. Mas surpreendem o alcance da rede de coleta de dados, a forma indiscriminada como a coleta é feita e o modo como empresas colaboram com os governos envolvidos. “Como regra, não se deve confiar nas multinacionais americanas”, disse Snowden em entrevista à revista alemã Der Spiegel. A afirmação incomoda por causa da onipresença de empresas americanas na vida brasileira – das mais familiares, como Google, Microsoft ou Facebook, às menos conhecidas, mas fundamentais para os serviços de comunicação, como AT&T, Verizon ou Intelsat.

Diante das declarações de Snowden, pode-se supor que estejam a salvo de espionagem as agendas das autoridades brasileiras? O que dizer de tecnologia sensível, como os projetos de aeronaves da Embraer ou as sementes da Embrapa? Nessa guerra digital global, o Brasil é tão vulnerável quanto a maioria dos paí­ses – apenas um punhado de potências econômicas e tecnológicas, como EUA, Reino Unido e Alemanha, tem recursos suficientes para espionar e tentar se proteger de forma eficiente. O Brasil é muito maior, mais populoso e mais rico que a maioria dos países. Usamos mais a internet e atraímos mais empresas estrangeiras. Parecemos um alvo fácil – grande, gordo e lento.

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