domingo, 25 de agosto de 2013

UM MILHÃO DE CRIANÇAS DEIXARAM A SÍRIA

Um milhão de crianças fugiram da Síria em busca de ajuda, diz ONU

Maioria se refugiou para o Iraque, Líbano, Turquia e Egito. Desde o início da guerra civil no país, em março de 2011, cerca de 7 mil menores foram mortos

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) afirmaram nesta sexta-feira (23) que já chegou a um milhão o número de crianças que deixaram a Síria em busca de ajuda em outros países, na tentativa de fugir da crise que atinge a região há dois anos e cinco meses. Pelos dados preliminares, mais de 740 mil crianças têm menos de 11 anos de idade.

“Essa milionésima criança refugiada não é apenas mais um número”, disse o diretor executivo do Unicef, Anthony Lake. “Trata-se de uma criança com nome e rosto, que foi arrancada de casa, talvez até de uma família, enfrentando horrores difíceis de imaginar.”

O Acnur e o Unicef estimam que mais de dois milhões de crianças estejam deslocadas internamente no interior do país e que cerca de 7 mil crianças e adolescentes foram mortos desde o início do conflito, em março de 2011.

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De acordo com as agências das ONU, a maior parte das crianças se refugiou para países vizinhos, em que se fala árabe e de maioria muçulmana, como Iraque, Líbano, Turquia e Egito.

De acordo com especialistas, essas crianças apresentam sintomas de estresse, revolta física, medo e trauma. Além disso, elas estão expostas a riscos como o trabalho infantil, o casamento precoce e a ameaça de exploração e tráfico sexual.

“O que está em risco é nada menos do que a sobrevivência e o bem-estar de uma geração de inocentes”, disse o alto comissário do Acnur, António Guterres. “Os jovens da Síria perdem suas casas, membros da família e o futuro. Mesmo depois de atravessar uma fronteira em busca de segurança, continuam traumatizados, deprimidos e a precisar de uma razão para ter esperança

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Os números divulgados pelas agências assustam. Nesta semana, a oposição síria denunciou um ataque com armas químicas que causou aproximadamente 1,3 mil mortes na região (incluindo crianças e mulheres).

Diante do agravamento da situação política na Síria, o emissário da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi, convocou uma reunião de urgência com os mediadores internacionais para discutir possíveis soluções de paz para o conflito.

Devem participar da reunião representantes da ONU e dos governos da Rússia , dos Estados Unidos e da Síria. A previsão é que o grupo se reúna no próximo dia 28, em Haia, na Holanda.

Guerra civil na Síria

A guerra civil na Síria começou em março de 2011, quando o presidente Bashar Al Assad reprimiu as manifestações em defesa de regimes democráticos durante o movimento que ficou conhecido como a Primavera Árabe. A oposição se armou e passou a lutar contra as forças leais ao regime de Assad. Segundo a ONU, tanto as forças do regime quanto o grupo de opositores comentaram atos de violação dos direitos humanos durante a guerra.

Sírios atravessam a fronteira de Peshkhabour, em Dahuk, Iraque (Foto: AP Photo/Hadi Mizban)
Sírios atravessam a fronteira de Peshkhabour, em Dahuk, Iraque (Foto: AP Photo/Hadi Mizban

Há muitas mulheres e crianças entre os refugiados que atravessam a fronteira da Síria com o Iraque (Foto: AP Photo/Hadi Mizban)

Há muitas mulheres e crianças entre os refugiados que atravessaram a fronteira da Síria com o Iraque nos últimos dias
(Foto: AP Photo/Hadi Mizban)

Desde o início dos conflitos entre opositores e tropas leais ao regime de Bashar Al Assad, mais de 100 mil pessoas morreram e quase 7 milhões necessitam de ajuda humanitária de emergência.

De acordo com a ONU, a guerra civil na Síria já é a pior crise humanitária desde o genocídio em Ruanda, em 1994

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